No último dia 12 de Setembro, o Cotuca recebeu a Sra. Irene Freudenheim, judia de origem alemã para contar a história de sua família, que fugiu da Alemanha em 1937, devido às perseguições nazistas aos judeus. Ela é avó do aluno do colégio, Denis Freudenheim Moraes. Alunos do 2º e 3º anos participaram da palestra.
Ela tinha cinco anos quando deixou sua cidade, nos arredores de Berlim, fugindo dos nazistas. Com sua família, conseguiu refúgio primeiro no Uruguai e posteriormente, no Brasil. Os mais velhos, que ficaram na Alemanha acabaram assassinados pelos nazistas nos campos de extermínio.
Durante a palestra, a Sra. Irene fez uma linha do tempo, descrevendo como os judeus foram perdendo seus direitos progressivamente, mesmo antes do início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Esse momento foi o que mais impressionou o estudante do 3º ano de eletroeletrônica, Gabriel Lattanzio Fischer, de 18 anos. Segundo ele, foi impactante ouvir a narrativa de alguém que viveu aqueles momentos de perseguição e que teve que fugir de sua terra natal para não ser assassinada como milhares foram. O aluno, inclusive, tem um interesse especial no assunto, pois seus antepassados eram judeus.
Segundo a palestrante, os próprios judeus ignoravam a existência de campos de extermínio e câmaras de gás. Aproximadamente seis milhões de judeus foram exterminados pelo nazismo. A maioria não teve a oportunidade de fugir para outros países, pois o visto era negado e a maioria dos países pedia uma determinada quantia de dinheiro, uma fiança para permitir que judeus entrassem em seu território.
Organizador da palestra, o Prof. Edson Joaquim Santos ficou satisfeito com a participação e o interesse dos alunos no assunto, que é rotineiramente tratado em disciplinas como história, geografia, sociologia, filosofia, literatura e até mesmo artes. Para o professor, o objetivo da palestra era aumentar a sensibilidade dos alunos em relação ao assunto tratado e prepara-los para lidar com assuntos como intolerância e perseguição, além de aprofundar os conteúdos tratados em sala de aula.
A palestra contou também com o co-palestrante, Paulo Valadares, um dos mais respeitados especialistas em genealogia judaica no Brasil. Segundo ele, há aproximadamente 100 mil judeus no Brasil, praticantes ou não, mas com origem judaica. Para ele, o judeu modificou o país, mas também foi modificado pela cultura brasileira, em uma troca de conhecimentos, que é muito facilitada no Brasil, pois uma das características principais do país é a tolerância, por ser muito miscigenado e poder contar com muitas culturas diferentes para compor a cultura brasileira como um todo.
Ao ser questionada sobre sua relação com a Alemanha e com o Brasil, a Sra. Irene contou que sempre teve um sentimento muito ambivalente por seu país de origem, pois apesar de ser alemã, foi lá que os judeus foram perseguidos e uma parte de sua família foi exterminada. Já sobre o Brasil, ela disse gostar do país desde que se mudou pra cá, mesmo que sempre tenha se sentida muito europeia. Segundo ela, em viagem para a Europa, ela e o marido acharam que se sentiriam em casa, mas acabaram colocando no carro, uma bandeirinha do Brasil, como símbolo de seu afeto pelo nosso país.
Para Paulo, é importante que os sobreviventes da guerra continuem a dar seus depoimentos, pois somente contando a verdade sobre a perseguição nazista e o holocausto dos judeus é que será possível impedir que isso aconteça novamente. Esse é o pensamento compartilhado pela Sra. Irene, que continua empenhada em continuar contando sua experiência para as novas gerações.