Morador da Vila Soma, aluno do Cotuca apresentará pesquisa sobre a ocupação em seminário internacional na Argentina

O aluno do Cotuca Antonio Douglas Campos da Silva, do curso de Eletroeletrônica noturno concomitante, apresentará na Argentina um trabalho de pesquisa de iniciação científica em Geografia, realizado no Cotuca. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Ensino Médio (PIBIC-EM) da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp, financiada com bolsa do CNPq.

O trabalho, intitulado “A Ocupação Vila Soma (Sumaré/SP, Brasil), a luta pelo direito à cidade e a formação dos sujeitos políticos a partir do conflito”, será apresentado no Seminário Latino-americano de Teoria e Política de Assentamentos Populares, que ocorre entre 19 e 21 de abril na Universidad Nacional de General Sarmiento, em Los Polvorines (Província de Buenos Aires, Argentina).

A pesquisa fez parte do grupo do PIBIC-EM do Cotuca orientado pelo Prof. Me André B. Pasti (do Departamento de Humanidades), com apoio da estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo na Unicamp Isadora Garcia, monitora do projeto. Ambos são, também, ex-alunos do Cotuca (turmas de 2003 e 2008). A ida ao evento tem apoio da Direção e da APM do Cotuca.

Segundo Antonio, “no curso de Geografia e na pesquisa desenvolvemos o pensamento crítico sobre nosso espaço. Sou morador da Ocupação [Vila Soma], então a pesquisa me ajudou a olhar criticamente para minha realidade”. Ele ressalta que “muitas vezes o trabalho intelectual não é feito de dentro das realidades que se vive”. Para ele, trabalhar com temas próximos do cotidiano é um ânimo a mais para
estudar.


Antonio Douglas Campos da Silva, autor do trabalho. Foto: Cotuca

O evento reunirá pesquisadores latino-americanos sobre assentamentos populares para discutir diversos temas ligados às realidades desses espaços. Além de dar visibilidade à pesquisa, a expectativa de Antonio é de que as trocas de conhecimentos com outros pesquisadores do continente sejam muito enriquecedoras. Ele pretende dar continuidade à pesquisa do tema, mesmo após o fim do PIBIC-EM: “pretendo ingressar na graduação na Unicamp no curso de Geografia”, afirma. Para ele, o programa de iniciação científica foi fundamental para direcionar sua escolha de carreira. “Isso deve valer também para outras áreas, sejam exatas, humanas, biológicas… por isso o programa é tão importante”, diz Antonio.

Além disso, para o aluno, levar o nome da ocupação e discutir sua realidade fortalece a luta da comunidade da Vila Soma, sobretudo pelo simbolismo de ser um estudante da própria comunidade. “Dar voz a alguém de dentro se torna muito importante. Simbolicamente, é um ato de resistência”, afirma.

Segundo Pasti, “a Vila Soma tem uma grande importância na luta pelo direito à moradia e pelo direito à cidade em Sumaré e na Região Metropolitana de Campinas”. Outras pesquisas de alunos do grupo trataram sobre as representações da Vila Soma na mídia, as relações entre mercado imobiliário e mídia na cidade e sobre vínculos de políticos com a mídia nacional e regional.

Antonio afirma que sua participação no programa PIBIC-EM possibilitou um salto qualitativo do entendimento sobre a pesquisa científica. “No começo da pesquisa, sempre estamos perdidos, e poder olhar o quanto evoluímos é muito gratificante”, diz o aluno. Ele acredita que a formação em pesquisa é algo que deveria estar no cotidiano de todos os estudantes. O professor orientador contou que a proposta do trabalho de formação científica em Geografia se fundamenta “em um processo de letramento científico, onde os alunos elaboram seus próprios projetos de pesquisa e os executam”.

A monitora do projeto, Isadora Garcia, também afirma que participar do programa é um grande aprendizado, tanto acadêmico, quanto pessoal. “O grupo de pesquisa nos possibilita um espaço diferenciado de formação científica. Além de haver uma troca de conhecimento constante, à medida que entramos em contato com as diferentes realidades dos alunos, cria-se um ambiente de cooperação acadêmica”, afirma.