Departamento de Humanidades leva alunos para assistir “Que horas ela volta?”, representante brasileiro na disputa do Oscar 2016

No domingo, dia 13/09, alunos e professores do Cotuca foram ao cinema do Shopping Galleria assistir ao filme “Que horas ela volta?”, escolhido como representante brasileiro para concorrer a uma vaga entre os indicados ao Oscar 2016 para melhor filme em língua estrangeira. A sessão começou às 9h30 e reuniu cerca de 120 pessoas, entre alunos (2º e 3º anos) e professores. Além dessa pré-indicação, o filme recebeu, em fevereiro deste ano o principal prêmio da mostra Panorama, no Festival de Berlim e venceu na categoria ficção da principal mostra paralela do festival, que ao todo contou com 52 filmes de 28 países.

Para o professor Edson Joaquim dos Santos, a atividade atingiu duas propostas desejadas pelo Departamento de Humanidades. A primeira era criar situações que proporcionassem vivências interessantes para o grupo. “Juntar os amigos de diferentes classes num domingo para ir ao cinema, eu creio, pode parecer trivial, mas se pensarmos nas pesadas cargas de trabalho escolar que o COTUCA impõe aos seus alunos, certamente ir ao cinema em uma manhã de domingo com a “galera” da escola é, pelo menos, diferente.” Já a segunda, em relação ao filme, o professor diz que o que tornou essa proposta interessante aos alunos foram as provocações causadas. Para ele, o filme “obriga a seus expectadores refletir sobre questões históricas, mas ainda cotidianas e presentes na sociedade brasileira, especialmente quando trata das relações sócio-culturais-familiares, entre patrões e empregadas domésticas”.

Quanto ao prestígio que o filme tem recebido, Edson acredita que esteja relacionado com o sucesso nos Estados Unidos e na Europa, além das premiações em Sundance e Berlim. Outro ponto apontado pelo professor é em relação à humanização da obra. “Por ser um filme profundamente humano, que acompanha as trajetórias de personagens tão reais e cotidianos, sem escondê-los ou poupá-los de contradições, acredito, é que o fez merecer a (pré) indicação.”

Mariana Ferreira, aluna do terceiro ano de Eletroeletrônica, diz que sempre tenta participar de atividades como esta, que saem da escola, já que, para ela, é mais uma oportunidade de aprendizado. Ela ainda elogia o colégio: “Acho muito legal também o esforço do Cotuca e dos professores pra sempre trazerem essas atividades para nos formarem além da matéria da escola (como pessoas críticas e com um olhar diferente pro mundo)”. Esse é também o pensamento do Julia Machado, aluna do terceiro ano de Eletroeletrônica. Julia acredita que atividades como esta tornem “os alunos mais críticos ao assistir um filme e mais interessados por temas que, muitas vezes, não são abordados em sala de aula”. Ambas gostaram do filme e dizem que a indicação ao Oscar é merecida. Mariana aponta o enfoque retratado no filme como principal causador dessa indicação. Para ela, “a crítica totalmente sutil, mas muito clara foi brilhante, o envolvimento das personagens e o jeito delas agirem diante de certas situações (e o contraste nessas atitudes) foi muito bem pensado e encaixado no filme”. Já para Júlia, foi a polêmica do filme que o levou a popularidade e prestígio, e que a levaram a enxergar algumas situações por outros lados. “O cinema brasileiro perde em bilheteria pela falta de efeitos especiais e boas histórias fictícias. Mas no âmbito comédia e drama, o cinema nacional é muito bom, embora precise avançar muito mais”, afirma Julia.

Todos os alunos do segundo e terceiro ano podiam participar da atividade. O grupo pagou um preço promocional para assistir à sessão – 14 reais, inclusos: ingresso, refrigerante e pipoca.

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SOBRE O FILME

O filme “Que horas ela volta?”, da diretora Anna Muylaert, é uma coprodução Gullane, África Filmes e Globo Filmes. Foi indicado como representante brasileiro na disputa pelo Oscar 2016 de melhor filme estrangeiro.

Sinopse: “Depois de deixar a filha no interior de Pernambuco e passar 13 anos como babá do menino Fabinho em São Paulo, Val tem estabilidade financeira mas convive com a culpa por não ter criado sua filha Jéssica. Às vésperas do vestibular do menino, no entanto, ela recebe um telefonema da filha que parece ser sua segunda chance. Jéssica quer apoio para vir a São Paulo prestar vestibular. Com alegria e ao mesmo tempo apreensão, Val prepara a tão sonhada vinda da filha, apoiada por seus patrões. Mas quando Jéssica chega, a convivência é difícil. Ela não age dentro do protocolo esperado para ela, o que gera tensão dentro da casa. Todos serão atingidos pela autenticidade de sua personalidade. No meio deles, dividida entre a sala e a cozinha, Val terá que achar um novo modo de vida.”

Texto: Ana Laura Dellapina