Cotuca realiza debates sobre cultura do estupro

Após os recentes acontecimentos no Rio de Janeiro, onde uma menina sofreu estupro em bando por 33 homens, a doutoranda da Unicamp Renata Altenfelder, que ministra oficinas de redação do Cotuca, juntamente com Cristiane Megid, professora do Departamento de Humanidades, propuseram a realização de debates sobre a cultura do estupro. A proposta foi prontamente apoiada pela direção de ensino do colégio.

“Sabemos que o estupro cometido no Rio de Janeiro e amplamente divulgado nos últimos dias não é um caso isolado, mas um dos poucos que foram investigados e divulgados”, lembra a professora Cristiane Megid. Segundo ela, “milhares de estupros acontecem no Brasil todos os meses, e silenciar esse assunto é ser conivente com a violência contra milhares de mulheres. É preciso, então, discutirmos as causas dessa violência, que são sociais”.

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Foram realizados dois debates no Cotuca para falar sobre a cultura do estupro, nos dias 9 e 10 de junho. Duas pessoas foram convidadas a palestrar: Glaucia Faccaro, doutoranda em história social na Unicamp e integrante da Marcha das Mulheres; e Danilo Gallo, psiquiatra e mestrando da Faculdade de Educação da Unicamp. Foram discutidos diversos temas, como o papel dos meios de comunicação na cultura do estupro, o machismo, o movimento feminista e o papel dos homens nessas questões.

Para a Diretora de Ensino do colégio Teresa Helena de Carvalho, “a escola precisa criar espaço de diálogo para que os alunos possam conversar sobre situações da realidade, sejam elas coisas boas, como arte, música e literatura, mas também situações impactantes como essa”. Segundo ela, a proposta da escola não é apenas formar excelentes técnicos, mas cidadãos que possam contribuir positivamente para a sociedade. A professora Cristiane Megid reforça que “enquanto educadores, precisamos nos responsabilizar por promover o debate em torno das questões sexistas, sabendo que o estupro é uma violência decorrente de discursos sociais que naturalizam a violência contra  mulher”. Para Megid, é “fundamental discutirmos os problemas sociais que levam à violência contra a mulher, se queremos formar cidadãos capazes de intervir na sociedade em que estão inseridos”.

 

Fotos: Rafael Dall’Anese e Érico Rolim.